quinta-feira, 30 de julho de 2009

conversa telefónica




'estas na cama?
eu sinto-te na cama.
estás com aquela voz com que falas quando acordas a meu lado.'
:D





domingo, 26 de julho de 2009

beautiful mess




já não ouvia Jason há semanas.
it's like picking up trash in dresses.

sábado, 25 de julho de 2009

wonderland


Acabei hoje de ler a Alice, de Lewis Carroll (sim, é uma vergonha só ler agora, EU SEI).
Começo a ter outra vez paciência para olhar para páginas com letras, sem me sentir idiota por desperdiçar o meu tempo precioso a mergulhar no imaginário.

Tenho tantos tantos livros para ler nestas férias.

:)

sexta-feira, 24 de julho de 2009

smile like you mean it

change your ways while your young
[in the same streets that I did]
smile like you mean it

é normal ja ter passado uma semana
e eu continuar a cantarolar as músicas todas?

terça-feira, 21 de julho de 2009

come chocolates, pequena! (e coca cola no cinema)

Custa-me um pouco aceitar que estou heartless. Antes estar do que ser, mas ainda assim, é mau. (Quem me manda sentar a conversar de madrugada?).
Mau porque sempre fui daydreamer, sempre me entreguei sem medo a um par de braços abertos, e hoje sou uma desconfiada, qual judeu vendedor que não aceita fiado.
Não dou, não confio, não acredito - assim não sofro. Continuo a fazer, a dizer, a viver - mas não sinto: porque assim não sofro.
Gostava de sonhar hoje com uma loja de doces, entrar e encher o saco, sentar-me à porta e devorar tudo, com aquele ar de felicidade inocente - como a miúda do poema Tabacaria, à qual Pessoa diz 'come chocolates, pequena, come chocolates!'.

Quero ser pequenina e grande, porque ser grande sem ser grande coisa não é lá muito bom. A televisão está na VH1 e está a dar o 'everything I do, I do it for you' e eu espreito pela janela a ver se o Robin Hood me acerta com uma flecha no meio da testa. Tenho de arrumar o quarto.
Os presentes esquecidos na saca, a mochila do festival ainda aos pés da cama, a cama por fazer. Tenho o bloco dos poemas a olhar-me com desdém como quem diz 'sabes há quanto tempo não escreves nada de jeito?'.

Tenho de reaprender a gostar de crescer. Don't tell me it's not worth fighting for.
Tenho de reaprender que é bom esquecermo-nos de como éramos, porque a cada momento nos habituamos à nova pele que nos cerca. Tenho de reaprender que é bom rir-me de como era há anos, meses, semanas. Do que pensava, das crenças que transpirava.
Mutação completa: na minha vida já aconteceu de quase tudo. Um auto-romance seria um sucesso, mas não literário. You know it's true.. Everything I do... I do it for you.
Acho que vou dormir. Daqui a pouco, vá.
Apetecia-me andar à chuva. Porque é que não fui de all stars hoje, porquê? Estavam a regar os jardins do Norte Shopping. Desculpa :)

domingo, 19 de julho de 2009

o que é que se faz depois do melhor concerto da nossa vida?

a resposta é: nada.

oito horas de pé na segunda/terceira fila.
oito horas à espera. algumas partes de seca. outras de emoção também.
e depois aconteceu tão rápido que as dores desapareceram, a sede, o cançaso, o sono.
e pronto, foi assim que fiz 19 anos.



SPACEMAN_depois de o público não ter parado de cantar, Mr Flowers and his garden repetiu a música...inédito*

sábado, 18 de julho de 2009

ora dá cá um, a seguir dá outro...já vão dezanove, não é nada pouco.


vou tentar dormir.
porque amanhã, meus caros, estou aqui !

sexta-feira, 17 de julho de 2009

amanhã a esta hora...

Apetece-me finalmente escrever um livro. Quero ir para a praia, quero andar de carro, quero ter tempo. Ler os livros que estão à minha espera na prateleira. Comer gelados, fast food e gelatina. Ver voar gaivotas sobre a minha cabeça e rir-me a pensar na Joana que vai estar na Alemanha. Arrumar finalmente o quarto e empacotar tudo o que se relacione com os exames. Arrumar a t-shirt no coração e arranjar espaço para o Negro. Apetece-me cozinhar. Finalmente ter tempo para passear sem horas. Ou para ler por gosto e nao por obrigação, para ouvir música em altos berros porque estou sozinha em casa. Apetece-me enfiar-me num comboio sem horas para voltar, e perder comboios para ganhar tempo. Apetece-me ir aos saldos, comprar coisas inuteis e reclamar por não guardar dinheiro nas poupanças.
Quero muito ver o meu hamster correr na rodinha por mais tempo. Quero ter tempo para os meus pais, os meus amigos, as minhas coisas. Tudo o que é meu.
Quero falar horas ao telefone simplesmente porque posso e não pago, simplesmente para dar graças por ter com quem falar. Quero perder metros e ver o pôr-do-sol. Quero ir aos sítios que sei que estão à espera que os visite.
Quero ver desenhos animados. Apetece-me ser mais tia este verão e acompanhar os rebentos que a cada semana crescem centimetros. Gosto do meu sofá e do dvd. Gosto do bloco cor de laranja que a Íris me deu e que agora me serve para apontar poemas.
Quero muito conseguir fazer tudo sabendo que não farei tudo mas que farei outro tanto que não está aqui escrito.

Porque os exames acabaram.
Porque tenho uma semana de totais férias.
Porque amanhã vou para Lisboa ver o concerto da minha vida.
Porque faço dezanove anos.
Porque sou eu.
E pela primeira vez em muito tempo, eu sei que isso é o bastante.

terça-feira, 14 de julho de 2009

fado corridinho


a chuva que desvanece, desvanece
do Amor que me merece, me merece
e m'envolve um corropio
que sinto este desvario
tal e qual como uma prece!

e chorando um breve rio
vejo a vida por um fio
quando tento combater a escuridão...
e volto atrás na corrida
a ver s'encontro a minha Vida
mendigando por um pedaço de pão.

rodopiando na cantiga
continuo eu perdida
sem encontrar equilíbrio neste chão...

encontro então a Mendiga
sem comida nem guarida,
(sem ter alma ou sequer Vida!)
a partir-me o Coração.



*
[escrever durante o expediente é que compensa o salário]

sábado, 11 de julho de 2009

tristeza, podem ver quebrada aqui já a promessa

O Fado não é mau
Não é um crime ou um defeito
É um emaranhado de cordões
que nos entrelaça o peito
Deolinda


Choro com a guitarra seu suor
vivo solto na capa que esvoaça
e corre-me nas veias o sabor
deste Porto, deste rio qu'em mim passa.

Pelas ruas, pelos becos, pelo escuro
sonhos eternos desta juventude
fica o sabor da breve negritude
oh cidade, fico eu, qu'em ti perduro!

no guitarrar bramante dos que vão
dos que partem na instância do ficar
na saudade portuguesa, no chorar
nesta capa que se traça, neste chão.

Voam loucas as noites, as paixões
a vontade que é mais forte que o poder...
ficam marcas, desfalecem corações
neste eco de estudante que vou ser.

[5 de Junho de 2009]

'o peito que canta o Fado tem sempre dois corações'


[...]

Eu nao gosto do Sol, eu tenho medo
que me leiam nos olhos o segredo
de nao amar ninguem, de ser assim.

Gosto da noite imensa, triste, preta,
como esta estranha e doida borboleta
que eu sinto sempre a voltejar em mim...


Florbela Espanca
Sonetos

segunda-feira, 6 de julho de 2009

seis anos


Ter um sobrinho de seis anos que nos pergunta porque é que existe passado e futuro e porque é que a esperança de vida de um hamster é menor do que a de um ser humano, faz-nos ter um domingo espectacular.

Ter um sobrinho de seis anos que, ao ouvir as explicações (frágeis) para tais acontecimentos e outros tantos (como 'a palavra céu existia ha cem anos atrás?'), apenas acena a cabeça, eleva o tom de voz e repete 'é injusto!', faz-nos realmente pensar na pureza e na inocência de quem confia na justiça dos humanos - e do mundo.


Ter um sobrinho de seis anos
faz-nos sentir velhos.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

do you believe in magic?



Quase como que por magia, estou bem.
Os danos colaterais da vida cinematográfica que levo (e que ninguém me consegue dissuadir da ideia de que foi um guião escrito para a pessoa errada) não corromperam a pureza do eu. Continuo a persistir, na existência do 'errar'. Continuam a pairar na certeza do 'perder'.

No fundo, qual cascavel, a pele muda. A minha faz questão de ser sazonal, periódica, de acordo com o mundo que me envolve.

Neste momento, estou bem.
Sou capaz de sorrir sem me sentir falsa, escrava de reflexos quebrados das aparências. Sou capaz de sentir sem doer, de querer sem poder, de viver sem saber.


Tudo isto porque estou bem.
Esperemos que dure.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

... e dizê-lo cantando a toda a gente

"António

São 11 horas da noite e vou escrever-te a prometida carta, agora que o silêncio envolve a casa adormecida, como um tapete macio que amortece passos leves. Nada ouço em volta de mim e, desta forma, ouço melhor a voz que me fala, que me grita tudo o que vou dizer-te e com que vou talvez entristecer-te. São tão desesperadas, tão tristes as coisas que oiço dentro de mim!"

Florbela Espanca,
Perdidamente - correspondência amorosa.




Gostava de ter as almas dos grandes poetas e o talento dos grandes escritores. Porque os poetas vivem de alentos, os escritores de frases. A poesia sobrevive pairando no coração dos Homens, dos Homens Bons. E a literatura em si recorre ao sangue das massas para fazer vibrar a palavra.
Eu gostava de ter alma e talento, e engenho, e Camões a viver em mim. Eu gostava de escrever e ser lida e ler o que escrevia e dar-me a escrever.
Eu gostava de fazer sentido.
Perdoem-me, hoje tive exame de Metodologia de Estudos Literarios.
E é só.