segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

mas porque é que eu sou assim...?

Apesar de eu saber à priori que não ia fazer o exame,
entrei na sala (para entregar o trabalho),
olhei para ele,
sentei-me
e aproveitei a folha de rascunho para escrever umas coisas.

[há que tirar partido de todas as situações.]


A mente rodopia, numa miscelânea de sentidos.
Sempre os mesmos verbos (versos?), sempre o mesmo amor (verso?), sempre as mesmas dúvidas (versos?), sempre a mesma inconstância (verso?), sempre o mesmo caminhar sob as palavras como palco de cristal para actuações sem agenda nem vontade ou inspiração.
Verso? Mas o que é afinal a Poesia senão tropeçar nas emoções? É verbo, amor, certeza constante?
Sangue bramado pelo branco, pureza que anseia ser corrompida pelos que nada sabem muito sabendo. Soubesse eu de mim e seriam outros verbos (versos), outro amor (verso), outras dúvidas (versos), outra inconstância (verso), outro caminhar rumo ao reflexo do que não foi e será (verso).
Soubesse eu de mim e esta folha estaria ainda branca. Que é de mim, abandonada ao frio na soleira de uma porta? Entrada para onde, porquê, com quem? Não sei que faça, se nada sei fazer. Mas a caneta não pára, porque nada nunca pára.
Talvez tudo escreva quando julgo que ninguém lê. Talvez a alma precise desses truques para se sentir livre. Talvez tudo seja de facto só m,ais um (outro) verso.
Parei.
No silêncio da sala estende-se um eco que não sei se está realmente lá (aqui). Não pertenço aqui (lá). Pela primeira vez em muito tempo sei onde não estar e ainda que aqui esteja, sinto-me invadida de sabedoria e repleta de serenidade.
Frio? Não.Não faz frio porque já entrei (para onde, porquê, com quem?) e apenas fará frio novamente quando me aperceber de que a entrada nada mais é do que uma outra saída. Aí vou tropeçar, e escrever mais um verso. Talvez mais nu, maior, melhor. Talvez mais repleto de conceitos e regras e ritmo, menor, pior. Talvez deixe de escrever, quando deixar de compreender o que o papel me diz. Talvez deixe de escrever quando deixar de ouvir a caneta chamar. Talvez. Sempre as mesmas dúvidas (versos?).
Sem agenda, sem vontade, sem inspiração. Sou estrangeira do país de mim, imigrante ilegal não falante do português.
O país está velho, abandonado.
Há que ter pulso para erguer ruínas.
Há que ter versos para dar a vida.

3 comentários:

Anónimo disse...

Se escrevesses isto no exame, passavas.
Menina estudante caloira trabalhadora mulher
^^

RM

Nelson Soares disse...

Completamente surpreendido... Adorei! Mas que bela escrita...


Nem tenho mais nada para dizer. Muito bom, sim senhor...

ematejoca disse...

Penso o mesmo que a Rita!

Caso, os exames estejam finitos...
AQUI VEM O DESAFIO:

Consiste em escrever aleatoriamente episódios da nossa vida.

As regras são:

1. Pôr o link da pessoa que convidou;
2. Escrever as regras do meme no blogue;
3. Contar seis coisas aleatórias sobre nós;
4. Indicar mais 6 pessoas e respectivos links;
5. Deixar um comentário a cada uma dessas 6 pessoas.

As regras podem ser quebradas!!!

Beijinhos
Teresa