descobri uma nova faceta: nao consigo escrever se estiver vazia, e muito menos se estiver demasiado preenchida.
as emoções saem em catadupa e nada se acerta. as palavras não fazem sentido, o raciocinio nao raciociona, os pensamentos evaporam-se. o corpo, miserável, continua a passar pelos dias, porque sabe que não tem outra escolha. mas a alma, que sabe que já foi tão mais feita de céu, não aceita, e cambaleia, faz o corpo tombar, faz os dias correrem solitários.
a música ao fundo é melancólia, companheira de horas mortas, e de tudo mais que o tempo já matou. a secura no olhar enerva-me tanto que já nem o espelho me aceita.
sinto as paredes contorcerem-se, como que a implorarem-me para sair daqui e ir viver a minha vida, finalmente.
pára de esconder o coração, pára.
pára de chorar em silêncio, pára.
sinto o chão rodopiar, anseio pelo desmaio que não chega...porque este rodopio tornou-se o habitual, face ao caminho que antes era certeiro.
estou rodeada de memórias e não posso deixar que elas me sufoquem, porque eu sei que elas já me esqueceram.
e é por isto; é por isto que não consigo escrever.
porque estou demasiado preenchida de tanto que me faz mal, que não consigo preencher-me de nada que me faça bem.
tenho um exame quinta feira, são três da manhã, estou a ouvir Brandi Carlile e tenho um pacote de bolachas e uma caneca de leite em cima da secretária. os apontamentos estão espalhados em cima da cama, já estive a ler textos antigos, tenho algumas janelas de msn abertas e estou agora neste preciso momento a fitar o meu bilhete para o concerto do Bublé. vai ser uma longa noite.
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