estás a ouvir-me chamar por ti?
eu sei que custa ler-me. sou um livro aberto, mas escrito de trás pra frente e de pernas para o ar, história onde é preciso saltar umas páginas para seguir o raciocinio tresloucado, fio condutor da alma. sou estranha, sempre mo disseram e eu sempre encarei isso como um elogio, no fundo, por que a arrogância de querer ser diferente sempre me correu nas veias. tenho saudades da inocência, do tempo em que as coisas eram fáceis porque não as víamos complicadas, porque lutavamos para as ter, sem pensarmos o quão dificil seria se perdessemos.
tenho saudades de conseguir ser sincera, sem me esconder atrás de três projecções do corpo que agora carrego como um escudo protector, e tenho ainda mais saudades do tempo em que era transparente... e em que, apesar de complicada, entrava numa sala e clamava 'eu sou assim'.
mas consegues ouvir-me ou não?
não consegues. o tempo faz sempre questão de correr mais depressa do que desejamos, ou mais devagar do que nos convem. apesar de ter aprendido muitos truques para que nenhuma bala atravessasse este corpo-escudo, nunca consegui aprender o truque de enganar o tempo. de o fazer passar mais rápido para que também a dor passasse mais rápido. de o fazer passar sem que me apercebesse, para que também não te apercebesse.
nunca pensei que custasse descolar um corpo do meu, se no fundo era só um corpo.
acho que já não estava habituada a percorrer-me no escuro e então acabei por me perder, porque deixei o mapa no armário, escondido, para que mais ninguém tentasse essa ousadia de percorrer esta pessoa, tão estranha.
eu sei que custa ler-me. sou um livro aberto, mas escrito de trás pra frente e de pernas para o ar, história onde é preciso saltar umas páginas para seguir o raciocinio tresloucado, fio condutor da alma. sou estranha, sempre mo disseram e eu sempre encarei isso como um elogio, no fundo, por que a arrogância de querer ser diferente sempre me correu nas veias. tenho saudades da inocência, do tempo em que as coisas eram fáceis porque não as víamos complicadas, porque lutavamos para as ter, sem pensarmos o quão dificil seria se perdessemos.
tenho saudades de conseguir ser sincera, sem me esconder atrás de três projecções do corpo que agora carrego como um escudo protector, e tenho ainda mais saudades do tempo em que era transparente... e em que, apesar de complicada, entrava numa sala e clamava 'eu sou assim'.
mas consegues ouvir-me ou não?
não consegues. o tempo faz sempre questão de correr mais depressa do que desejamos, ou mais devagar do que nos convem. apesar de ter aprendido muitos truques para que nenhuma bala atravessasse este corpo-escudo, nunca consegui aprender o truque de enganar o tempo. de o fazer passar mais rápido para que também a dor passasse mais rápido. de o fazer passar sem que me apercebesse, para que também não te apercebesse.
nunca pensei que custasse descolar um corpo do meu, se no fundo era só um corpo.
acho que já não estava habituada a percorrer-me no escuro e então acabei por me perder, porque deixei o mapa no armário, escondido, para que mais ninguém tentasse essa ousadia de percorrer esta pessoa, tão estranha.
quis tanto esconder de ti o caminho, que eu própria me perdi nele.
não me consegues ouvir, porque no fundo eu sei que não estou a chamar por ti.
mas queria. queria tanto.
não me consegues ouvir, porque no fundo eu sei que não estou a chamar por ti.
mas queria. queria tanto.
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