quinta-feira, 18 de março de 2010

make you feel my love

Apetece-me rasgar a poesia da cidade, hoje. Agarrar-te pelo braço e mostrar-te que este corpo de porcelana não quebra, por mais que o percorras, endoidecido. Trocar os dias pelas noites e beber das horas a calmaria doente dos imortais.
Apetece-me rasgar a melodia da chuva, hoje. Beijar-te os poros corrompidos e jurar-te que nada é mais do que isto, tão puro como a gota de chuva que chora na minha face. Não sei. Gostava de saber dizer-te o amanhã com as mesmas certezas com que te conto o ontem, mas já nem o hoje é certo para quem o vive.
Apetece-me rasgar as luzes dos carros, esculpir outras nuvens, outros passeios. Alterar o céu e terra e conjugar um novo limbo. Limbo.
Apetece-me ter-te hoje porque sei que não te terei. Porque o mundo está de olhos abertos e está demasiado silêncio nesta sala. Porque sou tu e tu és eu, e nunca somos nós. Porque não sei como te dar a mão nesta encruzilhada, porque não sei onde te procurar, se te perder.
Apetece-me desenhar-te, diferente, mais meu. Entregar-te a poesia nas veias, de bandeja, para não teres de suar até que ela seja tua. Apetece-me dar-te tudo. E depois... depois fugir.

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