sábado, 27 de fevereiro de 2010

também te amo


Gostava de saber o que se diz depois de chegar o fim. Gostava ainda mais de saber qual é a altura exacta em que se sabe que o fim chegou. Há um momento exacto, um prazo fixado, em que realmente se sabe? Ou é tudo um desenrolar de bolas de neve, catapultando as memórias para um baú e o coração despedaçado para o abismo?

Procurem no vosso telemóvel. Algures entre os rascunhos ou modelos de mensagens, é muito provável que exista um modelo - por entre os 'ligo mais tarde', 'estou numa reunião', 'estou quase a chegar'- em que se pode ler expressamente 'também te amo'. Também. Assim. Com a complexidade descomplexa de quem repete, de quem corrobora. Também. Sem sentir, a reenviar um modelo de mensagem. Um protótipo de sentimento que a marca de telemóvel predestinou para amores falhados. Imaginem-se a receber um modelo desse amor; imaginem-se a serem os receptores de um amo-te que a Nokia programou no telemóvel do(a) vosso(a) amado(a). Imaginem-se a serem receptores de um amo-te sem certezas, sem intensidades, sem pertinência. Imaginem-se. Eu vou imaginar. E talvez depois já saiba qual é a altura exacta em que se sabe que o fim chegou.

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