No nono ano tive uma professora de português que me chamou àparte para comentar os poemas que eu lhe tinha entregue para ela corrigir. A anotação escrita ao lado de um deles era 'Qual é a percentagem de verdade e qual é a percentagem de fantasia?'
Pode-se dizer que sempre fui um bocado confusa.
Mas eu estou bem. Relativamente.
Depois de ter passado as últimas horas de cama, ter faltado a um exame e, pela primeira vez, ao emprego, pode dizer-se que estou bem. Enraivecida por ter estudado e nao ter ido? Claro. Chateada por a minha vida só evoluir nos campos em que tal não é necessario? Muito.
Mas o que é que se pode fazer?
19 anos. A concluir o primeiro semestre do segundo ano. A acabar o terceiro contrato no emprego. É demasiado deprimente ficar pelo fundo de desemprego com 19 anos. Mais deprimente é termos de explicar ao nosso pai porque é que adiamos tirar a carta. Ou explicar ao nosso irmão engenheiro porque é que escolhemos ir para Letras. Ou o facto de o nosso sobrinho de sete anos ter mais alegria e sonhos na vida do que nós. Ou ouvirmos a nossa mãe comentar como aquele rapaz dava um óptimo namorado. Ou vermos a nossa cunhada alegre por ter três filhos aos 33 anos e nós só pensarmos 'como é que ela já estava casada aos 23?'.
Há coisas sem explicação. E a minha vida, neste momento, é uma delas.
Fico-me pela música hoje.
The good old days,
the honest man,
the restless heart,
the promisse land...
the killers Can You Read My Mind
1 comentário:
Acho que as pessoas lêem o que você escreve sim, afinal de contas você escreve muito bem. Deve ser que estejam sem saber o que dizer. Isso acontece muitas vezes comigo. Parabéns pelo blog. =D
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