quinta-feira, 5 de março de 2009

necessário, somente o necessário

Valor.
Mais do que notas pousadas numa mesa, ou cartões de crédito quebrados no caixote do lixo, tens valor.
Ocupas um lugar no pedestal reservado aos idílicos, porque sei que nunca serás meu. Serás de facto de alguém? Alguém terá o prazer, a honra, o prodígio, de te berrar um amo-te sufocado de desejo, de te arrancar a alma com o sussurro de um beijo alado? Gostava de ser essa pessoa, de ter esse valor, de ser essa mulher.
Gostava de ser o primeiro número na lista dos 'recentemente utilizados' teu telemóvel. Gostava que acordasses com o meu nome no paladar. Gostava que fosses o reflexo das manhãs, espelhado nos 'bons dias', um sorriso de orelha a orelha na chávena de café. Gostava que fosses o meu almoço, baixo em calorias, recheado de prazer, sem argumentos, discussões, vitórias parvas de boémices. Gostava de viajar contigo sem sair do sitio, deitados com o corpo próximo no sofá da tua sala, o gato parado à entrada da porta, a ouvir-nos miar. Gostava que me levasses a casa ao fim da tarde, bailando de mota no trânsito frenético. Gostava de ser o teu jantar, rico em calorias e prazer, porque se andas no ginásio é para alguma coisa.
No fundo, gostava de ser a ultima pessoa a quem dirias boa noite, mesmo quando não dormisses em mim. Gostava de ser tua, gostava que me desses valor. Gostava que me desses um quarto do valor que tens pra mim. Que realmente pensasses 'será?' antes de adormecer, e acordasses com a certeza de que 'é'.
E pronto, amavamo-nos. Parece simples, não? Mais do que notas pousadas numa mesa ou cartões de crédito quebrados no caixote do lixo.

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