segunda-feira, 23 de março de 2009

lamento, mas não consigo parar de chorar

[...]

o SONHO agarra-se ao sarro das velas e
a alba fustiga os vidros da janela onde
encostei a cara PARA CHORAR como as glicínias
regresso ao cais regresso
com este LAMENTO AO LEME OS PULSOS CANSADOS
pelo brilho cortante do sal aceso no vento que
transporta
e agita as silentes sombras de FERAS LONGÍNQUAS
e perfura o sono e a gestação fantástica dos lírios

magoadas águas
reflectindo CICATRIZES LANCINANTES de néons
o cais por fim o cais onde desembarcamos e
DE NOSSOS CORPOS NÃO NOS LEMBRAREMOS MAIS.


Al Berto, de «Alguns Poemas da Rua do Forte» - 1983

2 comentários:

Anónimo disse...

O titulo é a tua cara ^^

Vânia disse...

Pedaços de capas. =) *