sábado, 21 de fevereiro de 2009

poema bêbedo da mulher sóbria













Gosto da sensação de estar bêbeda de ti
e sentir-te percorrer as minhas veias, quente, sem cessar.


O peso do machado cortando o coração aos pedacinhos
pequenos, pequenos
passíveis de serem digeridos -
Não tenho fome.

São horas de acordar e ainda nem me deitei.
Quero sentir o teu toque na minha pele suave,
gritando, áspero, 'leva-me'.
Tenho as flores do teu olhar nos beijos que me deste
naquele luar rasgado da noite de verão
[ lembras-te? ]
somos feitos de pó das nuvens que passam
e lembranças em lápides de cemitério.

Quero-te hoje, porque não te terei amanhã.
Amar-te-ia amanhã porque não te tenho hoje.

Todos somos uma personagem a dada altura da nossa vida.
Hoje que sou adulta, resolvi desprender-me de tudo,
e ser livre
sem o peso das decisões nem a inconstância dos segredos.
Quero comer gelado de madrugada e beber café antes de adormecer,
fumar depois de pintar os lábios e arranhar as costas de um homem comprometido.
Somos feitos de aço com textura de madeira a arder,
pedintes - mendigos,
insatisfeitos,
teatrais.

1 comentário:

Ferdinand disse...

Quero-te hoje, porque não te terei amanhã.
Amar-te-ia amanhã porque não te tenho hoje.



Odeio.te mariana!