sábado, 6 de dezembro de 2008

cavaleiro andante [que falta de originalidade]

A realidade não precisa de mim. *
*Alberto Caeiro*

Cravejei o teu nome nas raízes do vento
e na noite clara senti-te voltar.
Vinhas sombrio, cavaleiro,
penetrante.
A armadura, protegendo o coração;
a espada, atiçada para matar quem te matara;
no elmo meticulosamente colocado
apenas vivia o olhar negro
de quem já perdeu a cor na alma.

Sem sono,
com cansaço,

contorci o corpo em doze voltas,
tantas quantas badaladas deu o relógio
e o feitiço não quebrou.

Semeei a revolta de quem dá sem receber
e entregaram-me a alma em pedaços
para que eu parasse de reclamar
que nunca nada me era devolvido.

Na noite
galopava o sentimento.
Ouvia-o partir
mal te sentia chegar, cavaleiro.



3 comentários:

Anónimo disse...

O Paulo diz sempre, que tu és uma Florbela Espanca. Nao, tu és a Mariana Silva! Este poema tem a qualidade de uma Florbela Espanha.
É um dos teus melhores poemas.

Saudacoes de um Düsseldorf gélido, mas muito festivo.

Voluptia disse...

Arrepiante! Maravilhoso!

Anónimo disse...

Mariana, diz alguma coisa!!!

Feliz 2° Domingo de Advento.