sexta-feira, 21 de novembro de 2008

escreve. e depois diz que foi por minha causa que escreveste

corro para ti
parado, ao fundo, à espera, à deriva
não estás.

todas as portas se fecham
à minha passagem
e o tempo demora-se
como verniz vermelho nas unhas,
os lamentos arrastam-se
com a lentidão do caminho para casa
e as certezas desfazem-se
como grãos de areia escapando pelos dedos.

corro, mas não estás.
e no frio da cidade, escrevo
e na solidão da noite, choro.

percorro as ruínas de mim
para escutar o eco da tua voz
que um dia juraste ser a minha.

um papel esvoaça.
largaste no vento os versos que te fiz.
é o problema do sentimento.
é o problema de nos sentirmos
ímpares.

2 comentários:

Ferdinand disse...

Adoro o titulo...e so isto que tenho para dizer.

£ou¢o Ðe £Î§ßoa disse...

Sensação de ímpar que só pode advir depois de se ter conhecido o par.
Tantos que não têm nem nunca terão essa sorte...

A vida é feita de contratempos.

(prazer em estar por aqui)