sexta-feira, 10 de setembro de 2010

'you' make it so hard

I'm waiting for something, always waiting
Feeling nothing, wondering if it'll ever change
Maroon5, Give a Little More



hoje em dia temos de menos, por pensarmos de mais.
complicamos ao querer simplificar, com esta coisa toda de querer pôr tudo em pratos limpos. no fundo, trata-se de não querer arcar com as culpas - resolvemos exaustivamente os embróglios que temos guardados na dispensa, para que mais tarde não nos acusem.
'eu tentei' é frase predilecta; 'eu tentei' resolver as coisas a bem; 'eu tentei' falar, ouvir, problematizar; 'eu tentei' e não deu... mas a culpa não é minha. a culpa é do outro que não tentou. a culpa é do outro que não falou, que não sabe, que não resolve, que tem a vida em suspenso.

hoje em dia temos de menos, por pensarmos de mais. no tempo em que os amores se faziam com uma ida ao bailarico e um cochicho entre amigos... aí sim, era simples. dois dias depois já iam comer um gelado juntos, e já se falava em boda pelo bairro. um mês depois ele já frequentava a casa aos domingos para o almoço de família, e vai na volta já se começava a planear o enxuval. meio ano e havia casamento, ano e meio e crianças a bordo. era assim, simples, exacto.
no fundo não pensavam muito em casar, em amar, em 'fazer vida' - talvez porque o julgassem inevitável.

hoje em dia, iniciar uma relação amorosa é quase como entrar numa loja de doces; tanta escolha obriga-nos a ponderar qual será o melhor; entre ponderar e não ponderar vai-se a ver e passam anos, até que depois nos apercebemos de que é bem mais simples estar sozinho às vezes. o que mais custa é quando sentimos falta do doce... aquele doce que iamos comprar mas demoramos muito para escolher, sabem? às vezes sentimos falta dele; porque estamos tão azedos de estar sós, que não nos apercebemos dos anos passarem por nós.

hoje em dia temos de menos, por pensarmos de mais.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

outubro

.LONDON.

está na hora de voltar
*

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

if you get down, get up, oh oh


descobri uma nova faceta: nao consigo escrever se estiver vazia, e muito menos se estiver demasiado preenchida.

as emoções saem em catadupa e nada se acerta. as palavras não fazem sentido, o raciocinio nao raciociona, os pensamentos evaporam-se. o corpo, miserável, continua a passar pelos dias, porque sabe que não tem outra escolha. mas a alma, que sabe que já foi tão mais feita de céu, não aceita, e cambaleia, faz o corpo tombar, faz os dias correrem solitários.

a música ao fundo é melancólia, companheira de horas mortas, e de tudo mais que o tempo já matou. a secura no olhar enerva-me tanto que já nem o espelho me aceita.

sinto as paredes contorcerem-se, como que a implorarem-me para sair daqui e ir viver a minha vida, finalmente.

pára de esconder o coração, pára.

pára de chorar em silêncio, pára.

sinto o chão rodopiar, anseio pelo desmaio que não chega...porque este rodopio tornou-se o habitual, face ao caminho que antes era certeiro.

estou rodeada de memórias e não posso deixar que elas me sufoquem, porque eu sei que elas já me esqueceram.

e é por isto; é por isto que não consigo escrever.

porque estou demasiado preenchida de tanto que me faz mal, que não consigo preencher-me de nada que me faça bem.

tenho um exame quinta feira, são três da manhã, estou a ouvir Brandi Carlile e tenho um pacote de bolachas e uma caneca de leite em cima da secretária. os apontamentos estão espalhados em cima da cama, já estive a ler textos antigos, tenho algumas janelas de msn abertas e estou agora neste preciso momento a fitar o meu bilhete para o concerto do Bublé. vai ser uma longa noite.