segunda-feira, 9 de agosto de 2010

all you dreamers, keep dreaming

Filho de uma prostituta engessada, és um inútil como a tua mãe.
Raios te partam se alguma vez mais me vais pôr a vista em cima. Nem sei como fui capaz de ser cangalheira da tua alma durante tanto tempo, sempre a percorrer as mesmas estradas esburacadas e imundas, sempre a mendigar, sempre com fome de tudo mais que a vida tinha para me oferecer e eu não podia receber porque estava presa a ti.
Foi burrice, agora eu sei. Deixei-me invadir por essa molenguice que enfraquece o carácter e que as mulheres gostam de apelidar de amor; quando dei por mim acordava a pensar em ti quando não te tinha a meu lado, e adormecia a falar contigo mesmo se estivesses longe de mim. Isto, meu querido, é amor. E eu sabia, porque dependia de ti como uma miúda depende de sorrisos para acreditar que o mundo é um lugar melhor. Dependia do teu corpo para entrelaçar o meu, dependia da tua energia para aguentar os meus dias, dependia do teu olhar para ver as coisas de um modo diferente. Dependia de ti para ser alguém diferente, porque há muito tempo que estava farta de ser só eu, sempre sozinha, sempre distante, sempre calculista e desconfiada, sempre sem sonhos.
Tu vieste para me levantar os pés do chão e fazer-me acreditar que ainda era possível flutuar, mesmo já não acreditando em contos de fadas. Vieste não sei de onde, e é para aí que quero que voltes agora. Vai. Raios te partam, vai.
Preciso de existir sozinha, sem te ter a roubar-me pedaços de alma diariamente, como cubos de açúcar para adoçar o teu café.
Mas a verdade é que me fazes falta.

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