sábado, 19 de junho de 2010

V, de volta


Estou um bocadinho frustrada hoje, por isso vou escrever sem nexo sobre o que me vier à mente, pode ser?
Saí de um exame de Literatura Portuguesa Contemporânea onde o limite era de cerca de duas paginas e meia e eu escrevi quase quatro; o exame já de si não era pequeno, e as duas horas eram redutoras… Aqui a Madame não acabou de passar o rascunho e está no abismo de reprovar e voltar a visitar outro enunciado na segunda fase. Bonito, hein?


Eu sou uma pessoa que escreve em sítios improváveis; no entanto não sou uma pessoa que escreva sobre coisas improváveis. Tive uma professora de Literatura Portuguesa que uma vez me disse que a palavra ‘coisa’ era a pior de toda a Língua Portuguesa, porque no fundo é dar um nome que nada significa a uma coisa que pode ter muito ou pouco significado.
É mesmo esse o problema do ser humano – a definição. Passamos tempos infinitos a tentar descobrir o que somos, o que vivemos, o que pensamos, o que partilhamos. Nunca ouviram dizer que muito boas relações acabam quando as pessoas se casam? Porque tentam dar-lhes um nome, porque as assinam num papel tosco para mostrar ao mundo em forma de aliança. No fundo é uma necessidade dos cruéis mortais: saber. Definir o que se sente, o que se é, o que se quer; estabelecer prioridades para não andar à deriva nem perder tempo, para não sermos os bobos da nossa própria corte. Um combate ao existencialismo, sem o qual no fundo não poderíamos ser criaturas pensantes, que existem.
É tudo um modo retorcido de carência, se formos a ver; esta necessidade tola de querer nomear algo, como que atribuindo-lhe maior importância consoante a sua categoria – e esperar que nos nomeiem de alguma coisa, para nos darem também a nós uma qualquer importância.
O ser humano é um bicho muito solitário.

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