domingo, 18 de abril de 2010

run run run, catch me if you can can can

Estou sentada na beira da floreira, em frente à minha porta. Esqueci-me da chave e tenho preguiça de tocar à campaínha de um vizinho. Vou esperar que chegue alguém para me deixar entrar.
Não estou na berma do passeio mas é como se estivesse. Estou numa berma qualquer, novamente num limbo, num impasse. E não sei muito bem se entro, se não entro, se espero pela chave, se peço que me abram a porta, se vou esperar para um café até que chegue a minha chave. Isto são tudo metáforas, porque eu sempre fui miúda de as usar.
Não discuto, raramente converso de assuntos que me incomodem, não sou lá muito directa. Fecho-me num casulo, preciso tanto de alguém. Sou mimalha, quero atenção; mas ao mesmo tempo, orgulhosa, não a peço. Não reclamo o que é meu porque nunca estive verdadeiramente numa situação de posse. Não sei muito bem o que estou a fazer, mesmo quando afirmo que não quero dar nomes às coisas.
Entre um batido de café e um prato de massa tagliatelle, numa noite destas lá ouvi uma amiga de anos sussurrar entre gargalhadas 'a tua vida amorosa é uma merda'.
Eu sei que ninguém tem de me aturar. Mas eu também não tenho de aturar ninguém.

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