quinta-feira, 8 de abril de 2010

do surrealismo

«(...)tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir»
Mário Cesariny





tão certo como não te ter
é sentir arrastar na pele
o cheiro do teu toque
viciado
como flores frescas num domingo de manhã;
e cera derramada
das velas quentes do outrora, agora.
erguem-se muralhas
que sempre existiram,
passeios descontínuos
que nunca desvendamos.
e é então
que caminhamos
sem medo
porque no fundo, é só isto,
sem medo,
porque quem não tem
não pode temer perder
mas sim ganhar.

tenho a pele áspera
porque a alma esfomeada
esburaca-me as entranhas
com ânsias de sair
e o meu reflexo do avesso
quer percorrer o mundo...
a juventude às costas, como mochila.

tenho-me esquecido dos efeitos secundários
da cafeína nas veias;
e é então
que páro
com medo
porque no fundo, é só isto.

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