sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

uma mulher para amar

Cheguei agora de um sitio onde encontrei alguém inesperado.
São coisas que nos fazem pensar, estas de viver numa cidade pequena, mas que ainda assim é a segunda maior do país. Explicava eu ao meu sobrinho de sete anos que em Espanha cabiam mais ou menos três portugais, enquanto ele rodava o globo iluminado e eu revia nos olhos pequeninos dele a minha vontade de fazer as malas e voar daqui. Portugal é de facto um país pequeno. Pequeno demais para os sonhos de alguém imenso. Pequeno demais para não esbarrarmos com pessoas inesperadas.
No fundo, tenho medo dessas constatações, que nos fazem pensar que somos mesmo más pessoas. Que pedimos dos outros o que não pensamos dar. Que queremos receber o que sabemos que nunca admitiriamos que outros pedissem. No fundo, são estes encontros e desencontros que nos fazem pensar na estupidez da juventude.
Sabem, vou fazer vinte anos este ano. Quando tinha quinze, nunca pensei que a minha vida fosse estar como está agora. Nunca pensei ser capaz de conservar os amigos de então até à data, e sinto-me abençoada por isso. Nunca pensei ser capaz de conquistar os pequenos tesouros que hoje possuo, e também me sinto abençoada por isso. Nunca pensei ter tantas responsabilidades, e ao mesmo tempo tão poucas...Nunca pensei ver morrer os sonhos, nem ver a minha personalidade tão mudada com os temporais da idade. Eu só sei que quando tinha quinze anos não pensava estar assim. E acreditem que o assim, que estar assim, nunca é bom.
Não tenho muitos arrependimentos nem choro as mágoas dos caminhos percorridos. Não tenho muitas cicatrizes, porque no fundo nunca arrisquei o suficiente para sair magoada do campo de batalha. Fujo das sombras. Quero sorver o mundo, agarra-lo com braços de mulher, e é depois que me apercebo da sua imensidão e do quão pequenos são os meu braços de menina para o agarrar.
E é este mesmo mundo imenso que é simultaneamente minusculo, onde esbarramos com o passado presente futuro, onde somos postos à prova e obrigados a escolher. Somos postos no abismo, no limbo como diria alguém... e temos de saber como recuar ou decidir seguir em frente.
God, como eu queria estar em todo o lado, menos aqui, menos assim.

1 comentário:

Voluptia disse...

Passei a detestar o 'assim'.