segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

all of me, you can take all of me





É a última semana. A mais díficil, mais complicada de gerir. São trabalhos para entregar, livros e fotocópias para ler, testes, exames orais, e-mails para responder, notas a conferir, uma licenciatura pela qual batalhar. E depois, no meu caso, temos o trabalho. Gente chata que pergunta sempre a mesma coisa, chefes que delegam em nós as suas próprias responsabilidades, reforços de Natal que em vez de virem - como a palavra indica - reforçar, só atrapalham a nossa vidinha e atrasam ainda mais as filas de clientes.


E depois, o que é que sobra? Pouco tempo para os amigos. Pouco tempo para me sentar na cama, olhar para o espelho e perguntar ao coração como correu o dia. Pouco tempo para escrever o quinquagésimo romance que comecei - é desta Mariana, é desta! Pouco tempo para dar atenção á família, e prolongar aquelas belas conversas com os papás sobre 'porque é que a Mariana continua solteira', explicando as maravilhas do mundo moderno - e causando o aquecimento global, seguido da elevação do nível das águas do mar e da consequente submersão dos neurónios dos progenitores. Depois resta explicar à nossa mãe porque é que saímos trajadas quando estão três graus na rua e só dormimos nem cinco horas. E resta explicar porque é que ainda não tivemos tempo de fazer o pinheiro de Natal, que todos os anos é da nossa responsabilidade - é verdade pessoas, sinto-me o Grinch este ano, apesar de o meu ódio pelo consumismo estar mais controlado.


E pronto, é isto. É a última semana.
No ano passado foi tudo tão diferente - por esta altura eu estava a morrer quase com uma depressão -e no entanto, tão melhor, porque estava viva. Ainda hoje de manhã nos rimos a pensar nisso: é a única coisa que ainda nos faz sorrir, de facto, as memórias. É como lambuzar os dedos de algodão doce, naquelas noites de agosto em que vagueamos pelas festas populares e ouvimos gargalhadas, sentimos o vapor e o cheirinho das pipocas e o frenezim dos carrosseis - e nos sentimos inteiros por dentro.


Foi há um ano.

You can cry me a river

Cry me a river

I'd cry a river over you

MichaelBuble

1 comentário:

Voluptia disse...

Haja alguma coisinha para (ainda) nos aquecer os corações...