quarta-feira, 18 de novembro de 2009

I say «baby, you're not lost»

Já estive em muitos sítios. Conheço muita gente, mas não posso dizer que verdadeiramente conheça certas pessoas. Posso garantir, sem bela nem senão, que não me conheço, mas reconheço-me em cada vivência - e sei dizer, a quem escutar o vento, o que é característico de mim. A minha imagem é o que os outros pensam de mim, mas o reflexo dela é aquele monstro, dark and twisted, que se encerra com um carinho. Uma música, uma banda sonora. Dislexia do teclado pelo exagero da velocidade da escrita, contraposta à dolorosa lentidão do pensamento. Uma lágrima.

Em mim se inicia e encerra a verdade do eu enjeitado. Uma melodia - e um amor escondido nela. Não tenho amor em mim, mas algum hei-de ter para dar, escondido na tal melodia que não escuto, quiçá porque já esqueci o sabor das madrugadas a teu lado.
Teu, tu. Eu? Sem espaço ou tempo, sem consequências fidedignas do erro cometido - passo impune por entre as gotas de chuva, irremediavelmente, inconsequentemente jovem; traste, bruxa do acaso, pássaro perdido. Passo impune pela multidão; e a imagem que carrego? Não a vejo, outros a vêem. Chamam-me mulher, quero que o façam, naquela acepção barata de quem quer sem querer na realidade, de quem se rende à idade que floresce e sabe, no fundo, que traz escondida no peito a criança dos contos infantis, a criança dos doces e gelados, a criança da televisão e das mantas e dos carinhos.
Sem saber porquê, é na multidão incógnita que mais facilmente me encontro. É no 'não-saber' que me defino, é na incerteza que me destaco. As lágrimas não são de ninguém, mas no entanto percorrem a minha face. E a solidão, ausência de personalidades significativas, retrata-se no espelho do meu olhar cansado de percorrer as ruas e vielas, os rios e mares, montanhas e vales. Cansada de percorrer - e de já ter desistido de percorrer seja que caminho for, convencida da finalidade barata de cada sorriso, cada palavra, cada mensagem.
Perder a fé na comunicação é algo triste para quem tem 19anos. Aceitar todos os enunciados como mentiras, sejam eles verdadeiras falácias ou falaciosas verdades, é perder a fé no mundo. É desaprender de confiar em tudo. E é sempre tudo mais uma melodia - porque o tudo é o que nós quisermos que ele seja.

Já estive em muitos sítios e agora estou aqui e escrevo, como gosto, sozinha.
80% das mulheres que afirma não ter tempo para uma relação... sente-se sozinha, ouvi eu numa qualquer comédia de hollywood que passou pela televisão este fim-de-semana. Mudei logo de canal; não pago tv cabo para ser obrigada a conviver com os meus demónios. Para isso, meus caros, há a poesia -que quando nasce, é para todos.



P.S.: nota-se logo que estou de folga.

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