' Queria entregar-me nas tuas mãos.
E entreguei-me - terás percebido isso? Deixei de saber quem era. Continuo a precisar de ti para existir. Para dormir. Um dia confessei-te que tinha insónias. [...]
Conversamos pela noite dentro em tua casa, tu já mal conseguias manter as pálpebras levantadas. Pedi-te que me deixasses ficar mais um bocadinho, porque me custava entrar em casa sem sono. Pegaste-me na mão
- anda comigo
e levaste-me para a cama. Enroscaste-te em mim e começaste a coçar-me as costas, muito devagar. Dormimos muitas e muitas vezes assim, e nunca, nem por um segundo, pensamos em fazer aquilo a que os inocentes chamam sexo. Falavámos muito disso, sim - desse acto a que as pessoas vão chamando sexo ou amor consoante as conveniências e as circunstâncias. Esse acto que as pessoas vão repetindo até à mais exaustiva solidão. Nós não podiamos prescindir um do outro. Não podiamos entrar no infinito jogo finito do corpo. Derramei sobre a tua vida, por incontáveis noites, os meus breves amores perfeitos, pormenor a pormenor.
E tu derramaste sobre a minha as tuas paixões impossíveis, impossíveis de apagar.
Desejo-te tanto, ainda.'
[Fazes-me falta, Inês Pedrosa]
Globalismo vs Nacionalismo
Há 5 meses
3 comentários:
concreo. Conciso. gosto cada vez mais de ler sobre relaçoes :)*
Boa forma de expresar o que vai n'alma e desabafar.
Falta saber se a mensagem chega à pessoa certa.
Eu um dia vou ler isto outra vez e não vou tremer, eu prometo que não vou tremer. Por agora, tremo e pronto. :)
Beijinho*
Enviar um comentário