quinta-feira, 14 de maio de 2009

ensaios de projectos idealizados

[...]

Mais uma folha amachucada, desta vez porque uma lágrima borratou a primeira palavra. "Queria". Singular de mim novamente a assassinar o plural de nós. Outra lágrima.
Assim tão difícil transformar a nossa vida num romance, experiência cinéfila - luzes, câmara, acção, edição e por fim perfeccionismo?
Levanto-me e ponho música a tocar. Era o que faltava, inspiração. (Saudades de quando sabia escrever). Outra gargalhada, seguida de outra lágrima. Deito-me ao comprido na tijoleira fria e num flash lembro-me de como tudo começou. Melhor, lembro-me de como tudo acabou e fui forçada a recomeçar. Lembro-me de quando chorava com músicas que contavam vidas que não a minha. Desligo a música.
As palavras fluem, as lágrimas secam. Fogo, foi há tanto tempo. Talvez tenha sido ainda no tempo em que eu sabia quem não era. Sim, sim, foi exactamente nesse momento que deixei de saber quem ser, e recomecei forçosamente com outra alma no mesmo corpo.
Não sei escrever (ainda) mas sei já quem fui.
Firmeza, vá. Assenta a caneta no papel e começa. Hum, talvez fosse melhor escrever no computador. Deixa-te de desculpas e começa!

"A minha vida dava um filme indiano, mas sem os elefantes."
Sim, é mesmo isso.
(im)Perfeito.


[in Singular de Mim, de Mariana Silva]

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