segunda-feira, 8 de março de 2010

arroz

Não sei o que se passa.
Só sei que não consigo mais, não consigo. Morreu a parte que te amava, morreu.
Desprendeu-se do tempo e ficou a vaguear, meses a fio, sem perceber que a sombra do que fomos há muito nos abandonou. Já não te amo. Guardo no bolso as memórias, quiçá a ti. Guardo no bolso os momentos, o sangue vibrante, a voz rouca. Morreu a parte que te amava, morreu.
Adormeceu nas horas o sentimento e acordei hoje a saber que ele já lá não estava.
Guardo na alma o azul imenso, o sal das lágrimas, do rio. Guardo no bolso a mancha vibrante do infinito que nos esperava, o conhecimento, pedra filosofal dos românticos de negro.
Para onde foi? Morreu a parte que te amava, morreu.
Para onde foi a vontade, a garra, o caracter? Para onde foi a arrogância extrema de nos sabermos maiores, tão capazes de mudar o mundo, criando um nosso?

Morreu a parte que te amava, morreu.
A mim, corpo frio, cadáver esquecido no ontem, só me resta ressuscitar-te.
E lutar por ti até que o sangue vibrante, a voz rouca, o azul imenso, o sal das lágrimas, do rio, a mancha vibrante, o conhecimento, a vontade, a garra, o caracter, a arrogãncia... a mudança...! a mim só me resta lutar por ti até que tudo isso volte. E que a parte que te amava, te ame agora, num todo.


Ad Eternum
2008.2009

1 comentário:

Anónimo disse...

A morte é a curva da estrada.
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.

A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.

Fernando Pessoa





No entanto Goes cantava como ninguém:
É preciso acreditar,
É preciso acreditar
que uma vela ao longe solta
é um bem para se guardar
que se um barco parte ou volta
passará no alto mar ... e é livre o alto mar

É preciso acreditar,
É preciso acreditar
Que esta chuva que nos molha
é um bem para se guardar
que sempre há terra que colha
um ribeiro a despertar... para um pão por despertar.