sábado, 31 de outubro de 2009

isto NãO é um desabafo.

Continua a saga da vida sem tempo, ou do tempo sem vida.
São mensagens a que me esqueço de responder, pessoas que me esqueço de visitar, encontros que adio, informações que não processo, testes e trabalhos e mesquinhices que enfio na gaveta e sobre as quais prefiro sobrepôr umas horas de sono.

São pessoas que se cruzam connosco e cujo sorriso nos faz esquecer toda a porcaria - para não dizer palavrões - pela qual já nos fizeram passar. São outros sorrisos que nos aliciam, mas cuja profecia optamos por não seguir. São bilhetinhos perdidos que reencontramos, para mais tarde sermos puxadas para a realidade (da idade). São noites na cidade onde os pés nos atraiçoam e onde só a bebida parece a solução. São fotografias que nos revelam que a vida é mesmo madrasta, e que também pode ser no passado que encontramos o nosso futuro. São pessoas que não queremos magoar magoando, são pessoas que nos magoam e que não conseguimos magoar. São histórias, memórias, sapatilhas! São horas Negras e cansaço e stress e falta de tudo o resto. São noites perdidas em conversas; são muito muito muito poucas horas de sono e fantasmas diurnos que nos fazem querer dormir.

E depois sobro eu, nervosa, irritada, sem paciência, sem força, sem vida, sem nexo. Sobro eu com as fotocópias e livros e cd-roms para ler, sobro eu com amigos e familiares a quem dar de mim, sobro eu com um trabalho a part-time que me suga a minha última vitalidade diária, sobro eu com três cafés a adormecer na minha aula preferida.

Mas... the show must go on.

sábado, 24 de outubro de 2009

já não punha cá os pés há uma semana

assusto-me com o facto de não ter vida própria,
às vezes.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

importância das folgas - parte II

Hoje deu-me para tudo e mais alguma coisa.
Deu-me para ser chata. Para ser depressiva e deprimente. Deu-me para reclamar e ser querida, ter gestos bonitos e não ouvir nada da única aula do dia. Hoje deu-me para ser séria e rir e ser elogiada e maltratada. Hoje deu-me para, deuses do Olimpo me valham, me isolar na biblioteca.
Eu podia ter ido pra casa. Eu podia ter ido às compras ao shopping, ou podia ter ido buscar o meu telemóvel, que ficou finalmente pronto. Eu podia até mesmo ter ido ao cabeleireiro, depilação, coisas fúteis femininas. Mas não. Deu-me para um outro tipo de feminismo, aquele de rato de biblioteca que raramente sente estes impulsos.

Falei, no post anterior, de folgas e da importância das mesmas. A minha hoje foi passada com uma capa traçada, seguida de uma aula da qual apenas ouvi a a frase 'não se diz jogralesas, é soldadeiras', seguida de um banho, seguido de pão quentinho com manteiga no quartinho da Juju, seguido de um café e de uma aposta perdida, seguido deste final isolamento.
Feminismo literário, já que peguei num livro de Luís Fernando Veríssimo intitulado As Mentiras que os Homens Contam e me deu uma imensa vontade de escrever - felizmente não sobre o assunto.


Quero alcool nas veias e furor nas conversas - após um jantar na miserável cantina (ou não, porque já me disseram que hoje é febras), aqui vamos nós rumo ao degredo da cidade.


A sério, eu ainda não acredito que estou aqui desde as oito da manhã.*

terça-feira, 13 de outubro de 2009

and my affection, well...it comes and goes.

A coisa boa de trabalhar é que podemos ter folgas.
Dias pré-destinados para diversão, ou simplesmente para ficar a contar rachas no tecto enquanto nos enrolamos numa manta do sofá.
São dias de folga, os senhores dias de folga, e merecem todo o respeito por parte dos trabalhadores - como os fins-de-semana por parte dos estudantes.
Se eu fizesse agora uma lista de tudo o quanto tenho pra fazer (e gostaria), aposto que ficava com as folgas ocupadas até Janeiro. Mas eu não sou moça de listas. Sou pessoa de me esquecer das coisas e de quase adormecer nas aulas porque obviamente me esqueci de tomar café.
Mas eu prometo que não me vou esquecer de descansar. Nem de me divertir. Nem de me rir, rir muito e aproveitar os dias todos com as meninas e os meninos, as amigas e os amigos, as cores, a chuva, o sol, os livros, as musicas, os filmes, as fotos, os textos, o céu, os graffiti, os poemas, as pedras do passeio, os sapatos, as nuvens, as madrugadas, o anoitecer, o verniz, o sorriso - a familia, as pessoas.

Eu disse há dias que há pessoas que têm a vida preenchida e outras que (forçosamente) preenchem a sua vida. Já não sei qual delas sou.
*

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

back on track

EU NÃO
QUERO IR
TRABALHAR.
Quando marquei três semanas de férias,
pensei que até fosse ter saudades.
Hum.. NÃO.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

apontamentos

Deixa-me calma.
O respirar sucumbe, o dia não me leva e fico só com as memórias, quieta, sossegada, amorfa.
Não sou de ninguém - e essa realidade torna-me cinzenta orgulhosa da propriedade. Os meus passos ecoarão somente em mim, sem que ninguém os ouça quando eu não estiver. Ninguém dirá 'ela vive aqui' ao ver o meu espaço vazio, a cama vazia, o carro vazio. Não sou de ninguém e isso entristece-me; porque trouxe a desgraça até mim, porque me supultei no esquecimento, na penunbra sem lápide, no nevoeiro do amar.
E é então que tudo pára. Algo nos reaquece, nos vibra. Quero multiplicá-lo, revestir-me desse algo...
Quero ser feita dele.
Quero ser dele.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Fim de tarde com o sobrinho mais velho.

- Diogo, então conta-me lá... novidades?
- Oh, não tenho...
- Nada nada nada? A escola? Os manos? Está tudo bem?
- Sim...
- E não tens nada pra me contar?
- Não...
- Oh não acredito! A tua vida é assim tão aborrecida?

A criança pára por uns momentos, sorri e diz,
enquanto me abraça com os pequenos bracinhos:

- Não tia, a minha vida não é aborrecida, a minha vida é feliz!



Se ao menos fosse tudo assim tão puro.
*

sábado, 3 de outubro de 2009

marianae.v.p.p.c. '2008.09'

Já sei que te vou odiar no primeiro dia em que te vir.
Pressinto-te na pele como uma doença pecaminosa, percorrendo-me os poros e entupindo-me, insaciável das loucuras por viver.
De negro, como as andorinhas, em alpendres de emoções - voando sem bússula, ao alcance desse eterno nada que fez do pó as pessoas que somos.
Vem percorrer-me as veias, sussurrando os contornos da cidade que outros, outrora, percorreram. Vem abandonar-me nas memórias, fazer-me arrogante amante do perigo. Vem simplesmente, e jamais me deixes só. Que estas mãos se elevem sempre pra te louvar e defender; que estes pés nunca me traiam no percorrer das tuas vivências. Que ao branco tudo regresse e que do negro nada se perca. Que os nós não se desatem e os botões encerrem as casas, como portas trancadas de mundos por descobrir.
Porque em nenhum outro sítio me encontrei senão aqui. Porque em nenhuma outra altura a minha voz se elevou com tanto fervor. Porque jamais fui tão firme, tão directa, tão pobre de sonhos, tão pouco humilde. Porque nunca me julguei louca até encontrar loucos como eu - e crescer nas malhas de um novo mundo.
Já sei que te vou odiar no primeiro dia em que te vir - porque voltarei a ter-te como sombra que acompanhará a minha alma de estudante. Vou odiar-te nesse dia e em todos, até que te abandone...porque chegou a hora. Aí, por fim, saberei amar-te.



[agosto 09]

sábado, 26 de setembro de 2009

batgirl

Passou uma semana desde que encarnei na versão feminina do Batman.
Os highlights de vida propria que tive resumiram-se a

_uma reunião de trabalho (apesar de estar de ferias) ;
_uma ida ao cinema (um filme hediondo mas em boa companhia) ;
_dormir como o Garfield nas últimas quarena e oito horas.
AH, também houve tempo para ir aos panicks e à Malibu Cola.



Pode ser que hoje haja mais uma dose relax time.
A Faculdade faz-me bem.

domingo, 20 de setembro de 2009

trapos e trajes

Cenário: Marquise, com pilha de roupa para passar a ferro. Mãe reclama que a filha tem roupa sua para passar a ferro. Filha defende-se com a pouca utilidade que vai dar à sua própria roupa, nos dias que se aproximam.

- Mãe, deixa-me...! Vou andar uma semana sem roupa!
- Vais andar nua filha? Olha que pagas multa.



We're back on track.
Arroz.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

no(s) último(s) minuto(s)

no fundo sabes que não me esqueço de ti.
porque se o fizesse, estaria a esquecer-me de mim própria.
















a partilhar cacifos desde agosto de 2009.
Parabéns =)

domingo, 13 de setembro de 2009

cidalia style

Oh God, make me good...but not yet.
Eu sou o tipo de miúda que acorda à uma da tarde sempre que pode. Tudo isto porque me deito depois das três da manhã sempre que posso. Gosto de ver a chuva da janela, e gosto do novo tapete que comprei para o meu quarto. Aliás, gosto do meu quarto todo, todinho, remodelado, bonito - porque ainda não começaram as aulas e ainda não há livros e livrinhos e folhas e roupa espalhados, sem sítio. Gosto das molduras na parede, a fitarem-me antes de adormecer. Molduras a contarem-me as histórias de quem já fui, de tudo o que já vivi. Há pessoas com uma vida completa e outras que completam a sua vida. Eu acho que sou a segunda opção.

Agora que se aproxima o tempo de acordar às seis e quarenta e cinco para me deitar depois da uma, aí é que vocês me vao ver completa(mente) tresloucada.
God, it's good to be back. Já estava a ficar fartinha de férias - talvez por ter (demasiado) tempo para notar que, afinal, completo a minha vida ao máximo mas continuo a sentir que ela está mais vazia do que outras vidas menos completas do que a minha.
Confuso? Sim, eu sou do tipo de miúda que vai tomar duche enquanto deixa a Anatomia de Grey a gravar. Porque posso.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

mazel tov !

porque hoje acordei bem disposta até - creio que foi por ter adormecido feliz.
o centro está mais perto, mais acessivel. talvez porque já seja setembro. talvez porque até sinto falta de aulas e do ritmo frenético. talvez.
mas por hoje: apenas boa disposição.


let's live it up and do it
do it do it do it....!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

I just haven't met you yet, Michael.

(finalmente uma) nova música, novos vôos.
novo mês, novas aventuras.
novidade...novo eu.



I Tried So Very Hard Not To Lose It
I Came Up With A Million Excuses
I Thought I Thought Of Every Possibility



And I Now Someday That It'll All Turn Out
You'll Make Me Work So We Can Work To Work It Out

And I Promise You Kid
That I'll Give So Much More Than I Get
I Just Haven't Met You Yet



<3

p.s.: odeio esta treta dos direitos autorais (ainda ha duas horas conseguia ouvir a musica) mas de qualquer forma, está disponivel um cheirinho em www.michaelbuble.com




domingo, 30 de agosto de 2009

|_()\/£... is not a victory march



Baby I've been here before
I've seen this room and I've walked this floor
I used to live alone before I knew you...

(...)

I'ts not a cry that you hear at night
it's not somebody who's seen the light
it's a cold and it's a broken Hallelujah.







Setembro. Setembro está aí.



quinta-feira, 27 de agosto de 2009

a shot of hope

Foi preciso limpar a gaiola ao hamster para ganhar esperança [Hope].

O bichinho faz um ano pelo Natal e ainda (sobre)vive, pois parece que apesar de eu nem de mim própria saber cuidar, até não sou muito negligente no que toca a roedores.
No fundo, todos temos um hamster - aquele pedaço de nós que ainda respira, apesar da negligência rotineira. Todos nós temos um bocadinho de roedor dentro da alma, escondido a um canto, solitário, no seu dia-a-dia de correr na rodinha, enrodilhar-se no ninho e encher as bochechas de sementes. Eu sei que eu sou um roedor - o meu próprio roedor.
E hoje acordei cedo com vontade de acordar, e sei que só não saí de casa porque estava de facto cansada - e não porque não me apetecesse ouvir bater do coração da cidade.

Há dezanove anos, um mês e nove dias eu fui a esperança de alguém.
Hoje, sou a minha própria.


18.07.1990
there's hope for the hopeless





sábado, 22 de agosto de 2009

it's a small crime... and I got no excuse.

Já não tenho o sorriso tatuado que aprendi a ter há um ano atrás. É um crime pequeno. Ao longo da vida, ensinam-nos (ensinamo-nos a nós próprios?) que temos de ir empacotando emoções, para abrir espaço a novas. Prateleiras e prateleiras, gavetas, caixas, arquivos...de emoções, momentos, memórias, Pessoas. Pessoas que fizeram de nós o que somos, o que seremos, o que fizemos, fazemos, faremos. É inevitável: temos de ir arrumando o que já não nos constitui, o que revela de nós apenas uma parte mas não o todo. Temos de ir esquecendo quem fomos, para nos permitirmos ser mais, a cada dia.

É um crime pequeno. A alma ocupa mais espaço do que uma gaveta, uma pessoa não cabe numa prateleira, nem uma gargalhada numa caixa. Muito menos uma lágrima cabe num arquivo. É um crime pequeno, mas tem de ser feito. E renovadamente executado. Vezes sem conta. Pele sobre pele, renovação sobre renovação. Temos de ir largando quem já não nada acrescenta ao eu que nos vamos revelando.


Não, não está tudo bem comigo. Mas é um crime pequeno - e não fui eu que o cometi, apenas deixei que o cometessem. Não, nunca está tudo bem, mesmo quando parece. Não, não fui eu que premi o gatilho antecipado da minha morte. Apenas me permiti afogar quando nadar me parecia escusado. Não, não está tudo bem comigo. Mas, como já disse, é um crime pequeno. E ninguém vai preso por apenas escolher sobreviver, mesmo que tudo à sua volta lhe diga para viver.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

soul's anatomy

It's the wrong kind of place
To be thinking of you
It's the wrong time
For somebody new
It's a small crime
And I've got no excuse
Is that alright? Yeah...
.NineCrimes.DamienRice.


aqui, música.
anatomia da alma.


life is... a b.i.t.c.h.

A vida é uma prostituta engessada. A vida é um constante ensaio em vésperas de estreia. É aquela exacta dose de bebida que não deviamos ter bebido porque nos fez vomitar. É a pessoa com quem cruzamos faíscas à saída do metro, mas que escolhemos ignorar porque estamos atrasados para dar comida ao peixe. A vida é um orangotango, que nos persegue pelo ecrã da televisão, no canal Discovery, fitando-nos (nós de robe, ele de pêlo) quase com aquele ar sarcástico - tão natural nos animais- de I told you so.

Os nossos paizinhos tentam ser prestáveis na educação, mas nunca nos ensinam como a vida é de facto - isto porque, convenhamos, nem eles o sabem. Ser cirurgião de emoções nunca resolveu grande coisa, porque a vida é aquele último batimento cardíaco que nos faz ter a certeza de que a morte chegou e não há CPR que nos valha. A vida é um luar brilhante, que nos faz reconhecer que somos imensamente pequenos para tudo o que queremos absorver. A vida é um abismo, um acidente de carro que acidentalmente nos faz cruzar com o amor da nossa vida. A vida é ter certeza de que não há certezas, e por isso mesmo, viver é um cliché - o maior cliché que existe.
Viver é ter sonhos, e sonhar que vamos alcançar os nossos sonhos, mas isso é o maior sonho de todos, logo também não será realidade. A vida é um sudoku com erros, e um livro de palavras cruzadas que alguém esqueceu no banco do metro e que, por isso, não será terminado.
A vida é um descafeínado, que não nos resolve o problema de sono e simplesmente nos dá o sabor a café nos lábios. A vida é rush. É não sabermos nada. E é sabermos tudo.
Os seres humanos deviam vir com manual de instruções, lá está outro cliché. E outro ainda é o porquê de as pessoas temerem a responsabilidade, se sempre souberam ser algo inevitavel.



I'm a grown up woman and I did not see it coming.


Março 1977
. mom's wedding day .



quinta-feira, 20 de agosto de 2009

you're everything I needed more.

fica a mágoa do sentir
de quem olha mas não vê
dos que sabem sem saber
dos que falam sem ouvir
dos que ficam, dos que partem
[quer sobrevivam ou matem]
dos que cantam, dos que escutam
dos que insistem, dos que mudam
e sempre eu aqui tão só
labareda extinta por fim...
se dos outros não tenho dó
que ninguém tenha de mim!
pois amam sem desistir
e desisto eu, sem sentir.



[este sim é um original escrito na traseiras de um talão]