domingo, 3 de outubro de 2010

momento *grey's anatomy*

sentir demais. pensar demais. querer deixar de sentir.
nunca consegui ser eu própria, e talvez seja por isso que continuo a dizer em voz alta que o que mais me enerva é não me conseguir encontrar. mentira - eu não estou perdida. se há coisa que eu sei bem é dizer o que quero, o que odeio, o que sonho e o que me desilude. o que eu ainda não aprendi é a conseguir concretizá-lo.
uma lágrima. duas lágrimas. puta que pariu hollywood e o cinema barato, mais o sensacionalismo que ilude as gajas. como diria uma amiga, 'nós as gajas...'... e depois vem uma longa pausa. nem nós próprias nos queremos entender, quanto mais que um homem nos entenda.
está a chover tanto la fora e eu só me consigo lembrar de que tenho 20 anos. estúpido, não é, o poder de um número? - revela-nos a verdadeira força das expectativas. ri-se na nossa cara e dos planos que tinhamos e diz ''vês? já tens vinte anos e ainda estás aqui."
esta coisa das relações dá muito trabalho. dá tanto trabalho que eu nunca tive (verdadeiramente?) nenhuma e já estou exausta. é como se a nossa vida fosse um molho de chaves e cada uma delas uma decisão. uma porta (analogia parva). uma escolha (analogia ainda mais parva). e no fundo somos (sou) só mais uma daquelas mulheres com carteira grande onde tudo se perde e o molho de chaves rebola, rebola... e acabamos (acabo) por ficar à chuva à porta de casa à procura das chaves para entrar.
não há coisa mais frustrante do que viver de sonhos. senti-los, respirá-los. poder tocar-lhes ao acordar, senti-los no sabor de um café ou de uma bolacha maria. agarrar os sonhos, espreme-los. revivê-los nas coisas básicas, harmonizando-nos com eles. sermos repletos de sonhos é a coisa mais agonizante, porque vivemos lado a lado com a certeza de não os concretizarmos.
e depois vem aquele momento em que olhamos para o lado... e não está lá ninguém.
e é mais uma noite com a chuva lá fora, as chaves tombadas na carteira grande, o telemóvel em silêncio, uma qualquer revista feminina aberta ao acaso, 'namorar reduz o stress', mais pernas cansadas, mais dor de cabeça, talvez mais um chá (ou um copo de leite frio), mais uma cama de solteira, uns lençóis enternecedores. mais uma memória, e outra, uma gargalhada no vazio, novamente o sarcasmo da idade a lembrar-nos do que juramos alcançar e ainda não chegou. e um novo dia. repleto, repleto de sonhos.