sábado, 27 de fevereiro de 2010

também te amo


Gostava de saber o que se diz depois de chegar o fim. Gostava ainda mais de saber qual é a altura exacta em que se sabe que o fim chegou. Há um momento exacto, um prazo fixado, em que realmente se sabe? Ou é tudo um desenrolar de bolas de neve, catapultando as memórias para um baú e o coração despedaçado para o abismo?

Procurem no vosso telemóvel. Algures entre os rascunhos ou modelos de mensagens, é muito provável que exista um modelo - por entre os 'ligo mais tarde', 'estou numa reunião', 'estou quase a chegar'- em que se pode ler expressamente 'também te amo'. Também. Assim. Com a complexidade descomplexa de quem repete, de quem corrobora. Também. Sem sentir, a reenviar um modelo de mensagem. Um protótipo de sentimento que a marca de telemóvel predestinou para amores falhados. Imaginem-se a receber um modelo desse amor; imaginem-se a serem os receptores de um amo-te que a Nokia programou no telemóvel do(a) vosso(a) amado(a). Imaginem-se a serem receptores de um amo-te sem certezas, sem intensidades, sem pertinência. Imaginem-se. Eu vou imaginar. E talvez depois já saiba qual é a altura exacta em que se sabe que o fim chegou.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

...

eu queria escrever aqui alguma coisa de jeito.
mas ando completamente sem inspiraçao.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

'assim'

O que fazer quando o mundo nos faz parar e ao mesmo tempo nos impulsiona para continuar a andar, sem sequer olhar para as sombras do que fomos ou sentimos ou quisemos? O que fazer? – é a maior e mais irregular questão que uma mulher pode colocar. O que fazer quando um collant se rasga, o que fazer com o rimmel borratado, o que fazer com a nódoa na blusa perfeita, o que fazer com a carteira de fecho rebentado, o sapato sujo com lama, o brinco que perdeu uma missanga? O que fazer com um coração partido? Pior do que isso, o que fazer com um coração fora do sítio?
Há sempre sítio para tudo; e quando uma mulher organizada se vê sem sítio onde existir, torna-se complicado imaginar a nossa vida, a nossa mente dividida em prateleiras ilógicas de sentimentos repugnados. Mas é isso, exactamente isso, que acontece. Tudo se subdivide, tudo se estagna e ao mesmo tempo revoluciona, numa confusão de átomos alcoólicos e irresistíveis.
Uma garganta rouca, um cigarro travado. Estava no quarto às escuras, meramente iluminado pela luz pública que penetrava nas cortinas, e só se via o pontinho laranja, iluminando o fumo, no meio da multidão vazia da divisão. Marta estava sentada à chinês, a olhar os pés calejados de ruas por percorrer. Um copo de Martini pousado na colcha da cama, apoiado nas pernas; um telemóvel na mão esquerda, a executar uma chamada em alta voz e, na outra mão, o cigarro cintilante. A cinza no chão fazia-a lembrar-se da cara da mãe, tipicamente galinácea, ‘não vás morar sozinha, não tão cedo’. Um toque, dois toques. Ele atendeu, com a voz irritada de quem está a meio de uma festa e não quer ser interrompido por um telemóvel. Ela suprimiu o choro, travou o cigarro e disse

‘Só precisava de desabafar’.



terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

bum bum pow


Ontem foi noite de carnaval,
estava um frio de rachar
e eu resolvi ir mascarada de Cupido.

Podia haver coisa mais irónica?

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

put your hand on me baby



tive um belíssimo domingo! ou melhor, uma belíssima noite de domingo :)
bom concerto, óptima música, excelente companhia.
bom feeling, boa groove. bom café, boas conversas.
e no fundo, nem sequer havia homens por perto!
podia haver um dia dos namorados melhor?

*

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

uma mulher para amar

Cheguei agora de um sitio onde encontrei alguém inesperado.
São coisas que nos fazem pensar, estas de viver numa cidade pequena, mas que ainda assim é a segunda maior do país. Explicava eu ao meu sobrinho de sete anos que em Espanha cabiam mais ou menos três portugais, enquanto ele rodava o globo iluminado e eu revia nos olhos pequeninos dele a minha vontade de fazer as malas e voar daqui. Portugal é de facto um país pequeno. Pequeno demais para os sonhos de alguém imenso. Pequeno demais para não esbarrarmos com pessoas inesperadas.
No fundo, tenho medo dessas constatações, que nos fazem pensar que somos mesmo más pessoas. Que pedimos dos outros o que não pensamos dar. Que queremos receber o que sabemos que nunca admitiriamos que outros pedissem. No fundo, são estes encontros e desencontros que nos fazem pensar na estupidez da juventude.
Sabem, vou fazer vinte anos este ano. Quando tinha quinze, nunca pensei que a minha vida fosse estar como está agora. Nunca pensei ser capaz de conservar os amigos de então até à data, e sinto-me abençoada por isso. Nunca pensei ser capaz de conquistar os pequenos tesouros que hoje possuo, e também me sinto abençoada por isso. Nunca pensei ter tantas responsabilidades, e ao mesmo tempo tão poucas...Nunca pensei ver morrer os sonhos, nem ver a minha personalidade tão mudada com os temporais da idade. Eu só sei que quando tinha quinze anos não pensava estar assim. E acreditem que o assim, que estar assim, nunca é bom.
Não tenho muitos arrependimentos nem choro as mágoas dos caminhos percorridos. Não tenho muitas cicatrizes, porque no fundo nunca arrisquei o suficiente para sair magoada do campo de batalha. Fujo das sombras. Quero sorver o mundo, agarra-lo com braços de mulher, e é depois que me apercebo da sua imensidão e do quão pequenos são os meu braços de menina para o agarrar.
E é este mesmo mundo imenso que é simultaneamente minusculo, onde esbarramos com o passado presente futuro, onde somos postos à prova e obrigados a escolher. Somos postos no abismo, no limbo como diria alguém... e temos de saber como recuar ou decidir seguir em frente.
God, como eu queria estar em todo o lado, menos aqui, menos assim.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

put me in your supermarket list


Não me venham com tretas;
não há ninguém sem tempo
para fazer algo que quer.
E a desculpa de que não há tempo
já eu a usei muitas vezes, muito obrigada.

Porque é que tentam roubar o ladrão?
Acham que ele não sabe os truques?
Quando se quer alguma coisa,
às vezes, isso basta.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

semi amor

já não via este vídeo há tanto tempo...
e chorei como uma menina.



*o segundo semestre está aí.

I want your everything as long as it's free

Um, dois, teste, teste.
O coração ainda funciona. Estranho, não? Quem diria que depois de tantas quedas ainda seria possível escutá-lo bater, no centro do corpo, perplexo. Quem diria que após tantas revoluções político-sócio-intelectuo-culturais, ainda existiria um corpo activo, vivo, respirante. Eu não diria.
Não me considero de todo negativa, mas tenho a minha quota parte de pessimismo, de não-crença. Desconfio do mínimo sorriso, isto porque sei que eu não sorrio à mínima razão.
Gosto de protagonismo, mas não de espectáculo. Não sei ser o centro das atenções, fico sem jeito, encaracolada na carapaça. Mas gosto de me destacar; quem disser que não gosta tem de aprender que a falsa humildade já passou de moda.
Custa-me ter de cumprir um estereótipo; isto porque antes de mim já se percorreram muitas estradas compridas, enfatizadas... e eu sou uma miúda de atalhos. Não gosto de facilidades, mas opto pelo mais fácil; mentira. Os atalhos são mais tortuosos do que as estradas principais - porque há menos corpos deambulantes, há menos barulho, menos cor, menos luz. Os atalhos são tempestuosos e trazem-nos à memória os dias maus. Há quem me chame masoquista, completando o lado negativo de que falava há pouco. Insisto em tombar nas mesmas pedras, rastejar nos mesmos pântanos. Mesmo depois de concluir, admitir, berrar aos quatro ventos - eu esstou bem assim.
Ausentar-me dos pensamentos não é assim tão possível; olha, lá está o coração a bater de novo, o malandro. Jamais admitirei o que ele me diz para além do habitual 'pum pum'. Não sou miúda de amores, nem miúda de amar. Sou uma miúda para amar. Mas para isso há que encontrar os atalhos tortuosos; e se nem eu sei percorrê-los, quanto mais..!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

o mal é que eu já não sei quem eu sou

faz agora (mais coisa menos coisa) dois anos que alguém me mostrou esta música.
sei que foi perto do dia dos namorados;
talvez me tenha lembrado hoje dela porque falei hoje nele.
há coisas que nos marcam... pura poesia.


Ornatos Violeta
Mata-me Outra Vez
<albúm Cão, 1997>



sábado, 6 de fevereiro de 2010

do lado esquerdo, ao centro

.:.mariana diz:
mas eu nunca vou admitir isto perante ele
a n ser que ele tambem o admita

tiago. diz:
o bush também não teve de admitir a guerra no iraque e toda a gente sabe que a culpa é dele


(4h23. via msn)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

wish me luck

afinal, não foi desta que enchi o saco de lixo e o pus no contentor.
o altar fechou por 'contratempos', adiando a nossa noite para hoje - o que nos forçou a sair ontem e hoje...que chatice...!

vou masé preparar-me para o exame.
porque apesar de às vezes parecer equilibrada, há coisas que nunca mudam...
e equilibrada é o que menos sou.


*ouvir the killers aos berros no autocarro das três e pouco da manhã é a melhor anestesia após uma noite horrível - obviamente não foi por causa da companhia. enfim. 'enfim diz: enfim'.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

you have a hot temper...

A Voluptia costuma dizer isto muitas vezes e é verdade: dificilmente a vida de outra pessoa poderia ser um lixo tão grande como a minha. Uma lixeira industrial de facto.
Hoje é dia de culto semanal, e apesar de amanhã ter exame, sinto que preciso mesmo de arejar as ideias e impregnar-me de receita mágica.
Vai haver um antes e depois, um caminho a percorrer até chegar a magia e todo um caminho de volta a casa, a pensar na magia que aconteceu. E vai haver um durante. Caras conhecidas, desconhecidas. Vou fugir de algumas e aproximar-me de outras. Muitas gargalhadas. Cantar músicas em altos berros e carpir mágoas em conjunto quando a Romana cantar 'se ela é a tua ex mulher, se ela é o teu ex amor...'
Talvez ocorram sorrisos constrangedores quando certas pessoas entrarem pela porta. E outras atitudes constrangedoras ao tentar ignorar o que essas mesmas pessoas nos dizem, enquanto tapamos a boca à amiga embriagada que grita 'PANISGAAAAAAAAS'.
Com sorte, vou pôr o lixo num saquinho e amanhã estará no contentor, e ao fazer o último exame vou sentir-me bem mais leve.

É por isto que estas noites me fazem tão bem.

partes do todo

já não postava aqui nenhum texto inteiramente meu há muito tempo.
este é mais um ensaio de prototipo pseudo-novelístico.
qualquer dia passo noites em claro e acabo os romances todos, prometo.

(...)
Olhou para ela e baixou a cabeça, a rir-se. Estava com as mãos nos bolsos e balançava o corpo, naquele trejeito nervoso de quem quer dizer algo mas não sabe bem como. Saiu-lhe a típica frase começada por ‘sabes…’ e foi então que olhou directamente para ela, bem dentro daqueles olhos grandes, redondos, e falou com a voz séria que usava quando queria dizer algo importante.
- Sabes – começou ele – estou com um dilema.
- Ai é?
Ela agora balançava também, e sorria, menina da pré-escola com cara de quem não faz asneiras, mas que é capaz de bater nos meninos da quarta classe.
- Sim… Se não te beijar agora podes ficar a pensar que não quero – e fez uma pausa, como que para enfatizar o que iria dizer - mas se te beijar podes pensar que é só isso que eu quero.
- Sabes… - começou ela, no tom irónico de quem sabe o que quer, ainda que a idade seja mínima para se saber o que quer que seja – Oscar Wilde tinha uma frase fantástica, que dizia uma coisa do tipo ‘não me importo que falem bem ou mal de mim, desde que falem.’ Neste caso, é mais ‘não me importo que pensem bem ou mal de mim…’
- Desde que pensem em mim – completou ele, finalizando com uma gargalhada – Bem, então parece-me que o dilema está resolvido.


in Um Beijo dos Teus , MS

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

e agora o que é que eu faço?

apeteceu-me música docinha, hoje.



B Fachada
'estar á espera ou procurar'